Já ouviu aquela frase: “Fulano só conseguiu aquela vaga de emprego porque tem contatos?” A frase que soa na maioria das vezes em tom de ironia, reflete uma realidade cada vez mais atual: o networking tornou-se uma ferramenta essencial para os profissionais de todas as áreas.
No entanto, um conceito menos conhecido, mas igualmente poderoso, está ganhando espaço no mercado nacional: o netweaving. Embora ambos enfoquem a criação e fortalecimento de conexões, suas abordagens diferem significativamente e podem impactar sua carreira de formas complementares.
De acordo com um estudo citado pela Global Mentoring Group, uma pesquisa conduzida pela Harvard Business School revelou que mais de 70% das vagas de emprego são preenchidas através de redes de contatos. Esses dados destacam a importância de cultivar e manter relacionamentos profissionais sólidos.
Entretanto, no Brasil, o networking ainda é subutilizado. Uma pesquisa com 650 executivos, conduzida pelo Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos (IDCE), revelou que muitos profissionais brasileiros não exploram plenamente o potencial do networking em suas carreiras.
Para Ana Tomazelli, psicanalista e Presidente do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas (Ipefem), a capacidade de construir e cultivar relacionamentos estratégicos tornou-se um diferencial competitivo indispensável. “Hoje, as oportunidades de negócio não vêm apenas da inovação, mas das pessoas com quem você se relaciona. O networking é o novo ativo do empreendedor”, afirma Tomazelli.
Networking X netweaving: quais as diferenças?
Networking é o processo de construir e manter relações profissionais visando troca de informações, oportunidades de carreira e crescimento no mercado. Ele é frequentemente relacionado a eventos corporativos, comunidades, feiras, conferências e plataformas digitais, como o LinkedIn.
A essência do networking é objetiva: identificar pessoas influentes na sua área de atuação e se posicionar como um profissional relevante. Contudo, para ser eficaz, exige um equilíbrio entre compartilhar conhecimentos e demonstrar interesse genuíno pelos outros, o que, muitas vezes, acontece em uma situação de necessidade, como a perda de um emprego. Quem nunca ouviu “preciso reativar minha rede” diante de um momento difícil?
Por outro lado, o netweaving é uma abordagem mais subjetiva, inicialmente, para o estabelecimento de conexões. “Aqui, o foco principal não é o que você pode ganhar, mas como você pode servir os outros, com o que você tem. É sobre conectar pessoas de maneira significativa, funcionando como uma ponte de redes, onde você facilita interações que podem beneficiar terceiros”, completa Ana.
No netweaving, a reciprocidade surge naturalmente. Ao promover o crescimento de outras pessoas e construir relações baseadas na real empatia e generosidade, você acaba sendo lembrado como uma referência confiável e colaborativa, além de não ser visto como uma pessoa interesseira – no sentido de somente buscar aos outros quando precisa.
“Embora diferentes, as duas ferramentas não precisam ter abordagens excludentes. Pelo contrário, podem trabalhar em sinergia. O networking ajuda a aumentar sua visibilidade e acessar oportunidades, enquanto o netweaving aprofunda relações e cria uma rede sustentada pela confiança e apoio futuro”, explica Tomazelli.
Por exemplo, um profissional pode usar o networking para conhecer pessoas em um evento e depois adotar o netweaving ao apoiar essas pessoas na conexão com outros contatos que possam agregar valor às suas trajetórias. Essa combinação equilibra o foco no desenvolvimento pessoal com o altruísmo, gerando benefícios tanto imediatos quanto de longo prazo.
Como o networking e netweaving podem ser utilizados e implementados na sua carreira?
Para implementar o networking, comece participando de eventos, comunidades e interagindo em plataformas como o LinkedIn. Identifique pessoas que compartilhem interesses profissionais similares e mantenha contato regular com elas. Pratique sua apresentação pessoal para causar uma boa impressão e demonstre interesse genuíno pelas conquistas e desafios dos outros.
No caso do netweaving, procure oportunidades para ser útil a sua rede de contatos. Isso pode incluir apresentar dois colegas que possam se beneficiar de uma conexão mútua ou compartilhar dicas e recursos úteis. Demonstre empatia e esteja disposto a colaborar de forma voluntária, o que pode criar um ciclo de reciprocidade e fortalecer sua posição como um profissional confiável e solidário.
“Combinar essas práticas em sua rotina não apenas amplia suas chances de avanço na carreira, mas também promove uma comunidade mais colaborativa, onde relações são construídas com base na confiança e no crescimento coletivo”, destaca Ana.
Enquanto o networking abre portas, o netweaving fortalece os alicerces dessas conexões. Incorporar ambas as práticas no seu dia a dia profissional não apenas aumenta suas chances de sucesso, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais colaborativo e humano. Afinal, no mundo dos negócios, são as relações que constroem as bases para o crescimento sustentável.