O varejo brasileiro está vivendo um cenário atípico neste final de ano. A coincidência entre o pagamento da primeira parcela do 13º salário e a Black Friday trouxe um grande movimento em novembro, o que pode alterar o ritmo das tradicionais compras de Natal. Essa análise é da FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação, que possui forte atuação no varejo físico e online.
De acordo com dados apurados pela companhia, a Black Friday deste ano registrou um aumento de 18% nas vendas em comparação com 2023, com um faturamento superior a R$7,2 bilhões em um único dia. Para efeito de comparação, no ano passado o crescimento foi de 6,5%.
Bento Ribeiro, diretor sênior de Varejo da FCamara, aponta que a coincidência entre essas datas criou uma liquidez imediata para o consumidor, que aproveitou o momento para adiantar compras de maior valor. “O desafio agora será manter o ritmo para o restante da temporada de festas”, afirma.
“Com cerca de R$64 bilhões injetados na economia devido ao pagamento do 13º, os consumidores aproveitaram o dinheiro fresco para adquirir itens já desejados, como eletrônicos, smartphones e eletrodomésticos”, explica Ribeiro. “O problema é que, ao antecipar essas compras, dezembro pode sentir os efeitos de um bolso mais vazio, especialmente nas categorias que tradicionalmente têm um pico de vendas no Natal”, completa.
Apesar disso, a FCamara prevê que setores como moda, perfumes e cosméticos continuarão em alta, com crescimento estimado de 10% em relação ao ano passado. O segmento de brinquedos também deverá crescer, mas de forma mais modesta, em torno de 5%. Em contrapartida, eletrônicos e eletrodomésticos devem registrar uma retração significativa, estimada em 8%, devido ao forte desempenho da Black Friday.
“O varejo teve um novembro explosivo, mas poderá enfrentar um Natal mais tranquilo do que o habitual. A estratégia agora será atrair consumidores com boas promoções em dezembro, evitando que os estoques fiquem parados”, conclui Ribeiro.