A Meta, empresa controladora de plataformas como WhatsApp, Instagram e Facebook, anunciou que o Brasil ficará de fora do mais recente lançamento de sua plataforma de inteligência artificial (IA). A decisão foi tomada devido a “incertezas regulatórias locais” e a um impasse com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
A notícia gerou frustração entre empresas e usuários que planejavam integrar a nova funcionalidade em suas estratégias de negócios. De acordo com dados da We Are Social e Meltwater de 2023, cerca de 95% dos brasileiros entre 16 e 64 anos utilizam o WhatsApp, representando quase 170 milhões de pessoas. A exclusão do Brasil desta inovação impacta significativamente a comunicação e as estratégias empresariais no país.
A preocupação com o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um dos principais fatores que afetam a implementação de novas tecnologias, não só para a Meta, mas para qualquer instituição que utilize dados pessoais. Paulo Carvalho, Líder de Prática do departamento de IA da Lima Consulting Group (LCG), destaca a importância de as empresas focarem na coleta de dados first-party para se prepararem de forma ética e responsável para qualquer ambiente regulatório. “Possuir dados próprios permite que as empresas boicotem grandes plataformas e construam suas próprias experiências de cliente”, afirma.
Anderson Paulucci, CDO e co-fundador da triggo.ai, reforça que o uso de IA em aplicativos de mensagens deve priorizar a privacidade e a transparência. “É crucial adotar práticas rigorosas de minimização de dados, coletando somente as informações indispensáveis para o funcionamento da IA e utilizando técnicas de anonimização para proteger a identidade dos usuários”, explica Paulucci.
Henrique Flôres, co-fundador e gerente da Contraktor, ressalta o potencial transformador da integração do WhatsApp com IA. “Essa integração permite uma comunicação mais natural com os clientes e facilita meios de pagamento diretamente no aplicativo, tornando o processo mais eficiente e conveniente tanto para empresas quanto para consumidores”, comenta Flôres.
Apesar das restrições, especialistas concordam que a IA é uma ferramenta poderosa que precisa ser acompanhada de perto. A implementação ética e a conformidade com as regulamentações são essenciais para garantir a privacidade dos usuários e maximizar os benefícios das novas tecnologias.
Empresas brasileiras devem, portanto, estruturar seus processos de proteção de dados e estar atentas às novidades tecnológicas para evitar problemas futuros e aproveitar ao máximo os recursos disponíveis.