A quantidade de empresas dos EUA que contrataram trabalhadores brasileiros subiu de 865, em 2022, para 1.271 no ano passado – alta de 46,9%. Entre as companhias que mais buscaram a mão de obra nacional estão nomes como Dakota Provisions, Microsoft, Google, Fogo de Chão, Amazon, McKinsey e Siemens.
Os dados fazem parte da edição de 2024 da pesquisa “As Empresas dos EUA que mais Contratam Brasileiros”, realizada anualmente pela AG Immigration, escritório de advocacia especializado em green cards.
De acordo com os números – coletados a partir de centenas de milhares de pedidos de contratação de novos estrangeiros feitos ao Departamento de Trabalho estadunidense –, o Brasil foi o sétimo país que mais teve cidadãos indo trabalhar nos EUA em 2023. A lista é liderada por Índia (26,6 mil), China (6,7 mil) e México (2,1 mil).
O estudo leva em conta os imigrantes recém-chegados aos EUA como residentes permanentes, sem considerar os que obtiveram o documento do green card em anos anteriores, aqueles que foram trabalhar em caráter temporário ou os casos em que a comunicação de contratação ao Departamento de Trabalho é dispensada.
Leda Oliveira, CEO da AG Immigration, explica que o fluxo imigratório para os EUA tem se intensificado bastante nos últimos anos, em razão da escassez de mão de obra no mercado americano e do baixo ritmo de crescimento da economia brasileira. “O acesso à educação superior no Brasil nas últimas duas décadas também contribuiu para esse fenômeno, especialmente no que diz respeito à contratação de profissionais com nível superior”, diz.
Em 2023, 28.050 brasileiros obtiveram o green card, que é o documento que concede a residência permanente ao estrangeiro. É o maior volume da história e o segundo recorde consecutivo. Desses, pouco mais de 11 mil foram para profissionais com habilidades extraordinárias, que em geral são aqueles com elevada formação acadêmica ou grande reconhecimento, nacional ou internacional, em sua área.
Empresas Que Mais Contrataram Brasileiros
A indústria de produção de proteína animal e o ramo de serviços de limpeza e conservação predial foram os que mais contrataram brasileiros em 2023. A lista é liderada pela Dakota Provisions, de produção de carne, que admitiu 33 cidadãos do Brasil no ano passado, todos para a posição de embaladores e empacotadores.
Em seguida, aparece a United Maintenance Company, especializada em fornecer serviços de limpeza e zeladoria. A companhia contratou 32 brasileiros para atuarem como faxineiros, zeladores e camareiros. Na terceira posição, está a West Liberty Foods, empresa do estado do Iowa que produz proteína bovina e de frango e que foi responsável por abrir 25 vagas para brasileiros trabalharem na operação de suas máquinas de processamento de carne.
Como tem acontecido em outros anos, empresas de tecnologia dos EUA também se destacaram entre as dez que mais contratam brasileiros. Em 2023, por exemplo, o Google empregou 17 profissionais da área, sendo a grande maioria de desenvolvedores de software e analistas de sistemas. É a mesma situação da Microsoft, que levou 18 trabalhadores, para as mesmas funções.
Um nome conhecido dos amantes da carne também entrou no ranking de empresas dos EUA que mais contratam brasileiros. A churrascaria Fogo de Chão, que hoje possui diversas unidades em solo americano, levou 13 profissionais para trabalhar na Terra do Tio Sam, todos para a posição de chefs de cozinha.
A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos brasileiros (278) foi contratada para trabalhar no estado da Flórida. Massachusetts (109), Califórnia (98), Texas (79) e Nova York (74) completam as cinco primeiras colocações de destinos.
´Nível Educacional dos Brasileiros nos EUA
A pesquisa da AG Immigration mostrou que houve aumento na contratação de brasileiros de todos os níveis educacionais. De acordo com os números, 635 deles não tinham formação, 174 possuíam apenas o ensino médio, 22 eram tecnólogos, 319 tinham a graduação, 96 eram mestres e 24, doutores.
“Ainda que as vagas de menor qualificação predominem, já que há muito mais demanda para elas, é notável como o perfil do brasileiro que migra para a América mudou nas últimas décadas. Eles ocupam, cada vez mais, posições que exigem conhecimento e formação especializados”, analisa Leda.
Dos brasileiros com ensino superior, a formação mais comum foi a de Administração de Empresas, com 98 profissionais com um diploma da área. Em seguida, aparecem Engenharia Elétrica (39), Ciência da Computação (38), Engenharia Mecânica (28) e Tecnologia da Informação (26).
O levantamento da AG Immigration também revelou onde esses profissionais se formaram. Como nos anos anteriores, a Universidade de São Paulo liderou a lista, com 23 ex-alunos contratados por empresas dos EUA em 2023. Atrás, estão Faculdade Estácio (16), Unicamp (15), Unesp (13) e Mackenzie (12).
Salários de Encher os Olhos
O maior salário identificado pela pesquisa, entre os brasileiros contratados por empresas dos EUA em 2023, foi de um médico formado pela Universidade Gama Filho, que foi trabalhar como neurologista na Hartford Healthcare, empresa de saúde de Massachusetts. O especialista foi admitido com um salário equivalente a R$ 328 mil mensais, na conversão de 5,25 reais para cada dólar.
Um oftalmologista da Innovis Health (R$ 262 mil/mês), um desenvolvedor do Goldman Sachs (R$ 131 mil/mês), um gerente financeiro do Burger King (R$ 131 mil/mês) e um gerente de RH da Syngenta (R$ 120 mil/mês) também se destacaram.
O menor salário identificado pela pesquisa foi para uma babá contratada no Texas para ganhar R$ 7,6 mil por mês. Na média, a remuneração mensal do brasileiro ficou em R$ 29,2 mil – abaixo dos R$ 55,1 mil globais, considerando-se todas as nacionalidades dos 52.715 novos imigrantes contratados por empresas dos EUA em 2023.
“Números como esses mostram por que tem havido uma fuga de cérebros do Brasil. São salários muito superiores aos que existem no mercado nacional. Temos notado, particularmente, um êxodo mais acentuado de profissionais da área da saúde, como dentistas, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, da engenharia, do direto, do marketing e de vendas”, pontua a CEO da AG Immigration, que há 14 anos vive nos EUA.
A íntegra da pesquisa pode ser acessada no site da AG Immigration.