O Brasil tem se destacado como um dos principais ecossistemas de startups na América Latina, com mais de 13 mil negócios registrados em 2021, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups). As fintechs, healthtechs e retailtechs ganharam muita popularidade no país. Em 2020 e 2021, elas impulsionaram a liderança da nação no recebimento de venture capital, com bilhões de dólares investidos, de acordo com a Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital.
Com os investimentos a todo o vapor, não demorou muito para que o mercado de fusões e aquisições (M&A) se tornasse ativo no Brasil, com um número crescente de operações envolvendo startups. Segundo a PwC Brasil, esse setor aumentou significativamente o número de transações nos últimos anos, especialmente no setor de tecnologia. Grandes operações de M&A, como a aquisição da Linx pela StoneCo por cerca de R$ 6 bilhões em 2020, ilustram o potencial de saída para fundadores no Brasil. Conforme a presença de stakeholders estrangeiros no país o aproxima da internacionalização desse ecossistema, é preciso compreender a urgência de práticas de gestão financeira alinhadas aos padrões de investimentos.
De acordo com Natalia Baranov, especialista em M&A, Controladoria e Gestão Tributária, Planejamento e Análise Financeira, a consultoria financeira pode atuar como um divisor de águas para o sucesso de uma startup, especialmente em fases iniciais. “Muitos negócios inéditos costumam enfrentar desafios comuns, que envolvem equilibrar operações de vendas, tomar decisões sobre novos aportes e lidar com o fluxo de entradas e saídas de clientes e colaboradores. Porém, o papel do consultor é justamente ajudá-los a definir metas a longo prazo, estabelecendo um caminho claro para alcançá-las com eficiência e, sobretudo, realismo”, explica.
Além de auxiliar as corporações a sobreviverem, outra missão desse tipo de serviço é incentivá-las a prosperar de maneira sustentável. Quando um founder busca solidificar a posição da marca e atrair um capital mais significativo, o primeiro passo é encontrar o parceiro ideal para o planejamento estratégico, a gestão de recursos e o preparo para captação de recursos, com o objetivo de garantir que nada afete a saúde monetária do empreendimento.
Sem o apoio necessário, os C-Levels podem facilmente perder o valor e o controle de expectativas e limitações da startup. Com a gestão financeira, por outro lado, os consultores podem utilizar métodos para estabelecer uma base de negociação justa com investidores, além de adequar às conformidades legais exigidas para cada negócio. Por fim, orientados sobre as melhores práticas, os líderes conseguem evitar penalidades e assegurar uma operação transparente dos investimentos, com as ferramentas necessárias para que as expectativas de ambas as partes sejam atendidas.
Com mais de 20 anos de experiência no mercado, Natalia já participou de aquisições de empresas que sofreram mais de R$ 1 milhão de prejuízo pela falta de gestão, sob a liderança do antigo CEO. Portanto, ela observa que muitas startups, focadas apenas no crescimento, negligenciam a importância deste controle e descobrem pontos críticos somente após as negociações, comprometendo os resultados que poderiam ser cumpridos com a visão ampliada da consultoria e relatórios especializados, como o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), o Balanço Patrimonial e o Fluxo de Caixa.
“Startups frequentemente operam com recursos limitados. Então, uma gestão financeira eficaz assegura que cada real seja investido de maneira a maximizar o capital, priorizando gastos que realmente agregam à empresa. Outra função também envolve preparar os C-Levels para processos de due diligence, ajudando-os a apresentar as finanças de forma transparente e atraente para os stakeholders, com a avaliação de valoração da marca e a preparação de pitch decks convincentes. São esses detalhes que garantem o crescimento de uma startup que busca não só o retorno lucrativo, mas principalmente uma responsabilidade com recursos, clientes e investidores”, acrescenta Baranov.