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    Kearney e Rimini Street divulgam panorama de uso de ERP no mercado brasileiro

    A Kearney, uma das maiores consultorias globais de gestão de Negócios, e a Rimini Street, fornecedora global de produtos e serviços de software corporativo, acabam de divulgar os resultados do Benchmark Nacional de ERPs. Realizado entre os meses de abril e maio de 2024, a primeira edição do estudo ouviu mais de 60 empresas brasileiras, criando um panorama da relação destas com seus sistemas de gestão, das principais dores enfrentadas aos obstáculos enfrentados durante os processos de implementação.

    As dores, aliás, se mantêm similares ao que o mercado se acostumou a ver nos últimos anos. Entre as três principais questões apontadas pelos executivos ouvidos, estão o excesso de customizações, com difícil manutenção (64%); o alto volume de sistemas satélite integrados aos ERPs (43%); e a dificuldade de gestão do grande número de integrações existentes (26%). A lista inclui ainda versões desatualizadas sem suporte, módulos básicos que não atendem às necessidades, insatisfação das áreas de negócio com o sistema de gestão e o alto número de ocorrências em produção.

    “Mesmo assim, 47% das empresas ouvidas consideram que seus sistemas de gestão são estratégicos e críticos para seus negócios”, afirma Guilherme Silberstein, diretor especialista da Kearney, lembrando ainda que, mesmo convivendo com as dores, a maioria das empresas considera seus sistemas de gestão estáveis: 80% delas consideram o nível de estabilidade alto; 18%, médio; e apenas 2% o consideram baixo. 

    Em relação ao suporte AMS (Application Management Services), o estudo constatou que, independentemente do tamanho, a maioria das empresas prefere o suporte terceirizado. Aqui, o percentual entre as grandes empresas foi de 64%, caindo para 58% entre pequenas e médias. Do mesmo modo, as pequenas são as que mais apostam em suporte com equipes próprias (42%), seguidas pelas médias (33%) e grandes empresas (29%).

    A infraestrutura utilizada por estas empresas foi outro ponto de interesse da pesquisa, que constatou que a grande maioria delas (63%) ainda mantêm seus sistemas fora da nuvem pública (AWS, Azure ou GCP) e em infraestrutura on-premise ou dedicada/nuvem privada. “Deste total, no entanto, apenas 8% não têm intenção de movimentar seus sistemas para nuvem”, explica Edenize Marondiretora-presidente da Rimini Street na América Latina. Ainda sobre a infraestrutura, 27% utilizam a nuvem no modelo “Bring Your Own License” e apenas 10% utilizam nuvem no modelo SaaS (Software as a Service). Entre estas, os principais critérios apontados para a escolha do hyperscaler foram localização (46%); aceleradores (46%); valor oferecido como crédito (42%); negociação de outros serviços (38%); e percentual de uso (19%).

    Dificuldades na implementação

    O estudo também procurou traçar uma visão histórica dos projetos de implementação de ERPs no Brasil e, nesse sentido, constatou que 72% dos sistemas de gestão em operação foram implementados antes de 2017. Seguindo a linha do tempo, 12% foram implementados entre 2017 e 2019; 6% entre 2020 e 2022; 8% em 2023; e somente 2% em 2024. Na média, estas implementações duram entre 18 e 24 meses, com custo médio de mais de R$25 milhões, resultando em um nível de padronização que varia de 50% a 75%; e respectiva customização entre 25 e 50%. 

    Nestes projetos, foram identificados obstáculos com impacto direto no custo e na qualidade da entrega. No primeiro caso, os principais foram grande quantidade de pedidos de mudança (38%); atrasos no cronograma (27%); e alterações no escopo ao longo do projeto (21%). Já em relação à qualidade, os principais obstáculos apontados foram usuários chave pouco preparados (46%) e difícil gestão da mudança organizacional (40%). Nestes casos, as principais estratégias utilizadas para mitigar estes obstáculos foram desenho e implementação de governança estruturada, contratação do PMO global à parte do implementador e a escolha de representantes para acompanhar as atividades do PMO do programa.

    Diante do cenário apresentado pelas empresas, a Kearney e a Rimini Street sugerem cinco pontos de atenção nos quais o mercado de ERP deve se concentrar no futuro próximo:

    • Endereçar os principais desafios do dia a dia – é necessário avaliar quais são os desafios enfrentados e posicionar quais opções mais alinhadas ao objetivo do negócio. Aqui, novas contratações e migrações podem ser opções ideais para algumas empresas, mas outras estratégias podem estar mais alinhadas aos objetivos de outros negócios; 
    • Mitigação de riscos de implementação – com base em lições aprendidas, é importante preparar-se para novos projetos com atenção para uma governança forte e objetivos de negócio claros;
    • Migração do SAP ECC para o S/4HANA – o fim do suporte da SAP para o ECC em 2027 é um fator para tomada de decisão sobre migração para S/4HANA ou outro ERP não SAP que deve impactar o mercado nos próximos anos;
    • Escolha do ERP – existe grande consolidação no mercado e nos players convidados para novos processos, daí a importância de realizar estudos detalhados das opções de sistemas disponíveis, com destaque para fornecedores nacionais;
    • Ecossistema de implementadores – é altamente complexo e por isso são necessárias análises e qualificações criteriosas para decisão antes de processos de concorrência. Apesar de uma significativa consolidação em grandes fornecedores, é preciso um alinhamento entre o implementador e a cultura da empresa para uma relação de sucesso. 
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