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Como o fim do X impacta marcas e fãs em festivais de música

A suspensão do X no Brasil ativou preocupações em diversos setores, com a indústria do entretenimento sendo particularmente afetada — em especial, na divulgação de festivais de música e manutenção de comunidades de fãs.

Para os anunciantes, o X proporcionava um ambiente único para campanhas virais e interativas durante festivais de música. Estratégias como hashtags personalizadas, concursos e interações diretas com os consumidores agora precisarão ser repensadas. Grandes eventos como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil e João Rock utilizavam a plataforma para amplificar sua presença online e manter o engajamento antes, durante e após os festivais.

Além disso, o X era berço de inúmeras comunidades de fãs com alcance global. O fenômeno “Come to Brazil”, que se tornou um meme internacional, originou-se nessa rede. Os fãs brasileiros eram reconhecidos por sua capacidade de revitalizar o interesse em programas de TV, filmes, músicas e celebridades por meio de campanhas virais.

Isso acontece porque o antigo Twitter desempenhava um papel singular no ecossistema cultural do país, com os brasileiros fortemente adeptos à rede. Segundo a Statista, eram mais de 20 milhões de usuários no país, o quinto maior público global da plataforma.

Segundo o Washington Post, mesmo antes da suspensão da rede no Brasil, profissionais da indústria musical já analisavam o impacto potencial nas estratégias de divulgação e vendas. O Brasil, sendo um mercado expressivo para a cultura pop e eventos musicais, sofre um golpe significativo com a perda dessa plataforma que facilitava a interação direta entre fãs e artistas. O tweet “Brazil, I’m devastated” de Lady Gaga, após o cancelamento de sua apresentação no Rock in Rio de 2017, exemplifica o poder dessa conexão.

Em uma conversa que tive com Ronaldo Fonseca, CEO da A-Lab, ele ressaltou a relevância da plataforma por sua capacidade de gerar discussões instantâneas e feedback imediato. Essa característica era fundamental para marcas patrocinadoras e organizadores de eventos que buscavam responder prontamente às reações do público durante os festivais. A ausência dessa fonte de informação cria um desafio na gestão de crises e no aproveitamento de oportunidades de marketing durante os eventos.

As hashtags no X também tinham um papel importante na criação de narrativas em torno dos festivais. Marcas como Heineken, Doritos e Coca-Cola, frequentes patrocinadoras de eventos musicais no Brasil, as utilizavam para criar campanhas integradas, conectando suas ativações no local do evento com o público online.

Enquanto o X enfrenta seu banimento, outras plataformas como Instagram, TikTok, Threads e Bluesky ganham espaço. A mudança pode representar uma oportunidade para marcas e organizadores explorarem novas formas de engajamento e cobertura de festivais. Para compensar a perda da rede de Elon Musk, algumas empresas estão investindo mais em conteúdo gerado por usuários no Instagram e TikTok, enquanto outras desenvolvem aplicativos próprios para criar comunidades em torno de seus eventos. Plataformas de streaming como Spotify e YouTube também estão sendo cada vez mais utilizadas não apenas para distribuição de música, mas como canais de marketing e engajamento para festivais.

A proximidade do Rock in Rio oferece uma oportunidade para encontrar novas formas de manter viva a cultura de fãs que sempre caracterizou o Brasil no cenário global do entretenimento. As marcas que conseguirem inovar na criação de repercussão, engajamento do público e mensuração do sucesso das campanhas de marketing em festivais de música estarão bem posicionadas para navegar por essa transição.

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