Cerca de 57% de mulheres dizem ser a única liderança negra feminina onde trabalham. É o que aponta a 4ª edição da pesquisa Mulheres Negras na Liderança, desenvolvida pela 99jobs, em parceria com o Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
A pesquisa também revelou que mulheres continuam sendo lideradas predominantemente por homens sem muitos sinais de evolução em comparação aos resultados das outras edições da pesquisa. Entre as entrevistadas, 70% dizem ser chefiadas por homens e 60% afirmam trabalhar em uma empresa presidida por homens. Ao tratar sobre a trajetória de carreira, 72% apontaram ter tido mais líderes homens versus 28% líderes mulheres.
Atitudes incisivas para mais aceitação
Das respondentes, 73% disseram ter passado a falar mais alto, serem mais incisivas, em busca de mais credibilidade ou aceitação no mercado. Já 48% contam ter aberto mão de algum sonho ou valor para se tornarem líderes.
Quase a totalidade, 96%, destaca que ainda existe preconceito em colocar mulheres em posições de liderança, sendo o racismo estrutural e o machismo institucional os principais pontos de dificuldade percebidos.
Entre elas, 43% se sentem mais à vontade e com mais abertura quando lideradas por outras mulheres; 94% acreditam que a presença de uma mulher negra na liderança abre portas e incentiva outras mulheres a chegarem nessa posição, e 80% contam que as mulheres que as criaram foram inspirações para que se tornassem uma líder.
Dificuldades na trajetória para a liderança
Segundo as entrevistadas, as principais dificuldades encontradas no caminho até o cargo de liderança são:
- 52% Racismo estrutural
- 48% Machismo institucional
- 43% Conciliar objetivos com atividades pessoais
- 34% Acesso à experiências
- 30% Conciliar objetivos com atividades familiares
- Outros itens da lista de opções: Xenofobia, Capacitismo, LGBTQIA+fobia, acesso a experiências, acesso à educação, questões de saúde pessoal.
Fatores que ajudaram a chegar ao cargo de liderança?
- 50% Muito tempo de experiência no mercado
- 47% Qualificação acadêmica
- 30% Indicação profissional
- 28% Mentoras ou mentores
- 11% Universidade de primeira linha
- Outros itens da lista de opções: estudo ou trabalho no exterior, influência familiar, cara de pau, apoio de pessoas brancas, mudança de empresa, ter diretora mulher, conhecimentos de diversidade e inclusão, autodidatismo, apoio de colegas e aliados, resultados e competência.
“As mulheres negras são uma representação minoritária em cadeiras de liderança. Há diversos atravessamentos estruturais que impedem esse crescimento e a conquista de postos ocupados, até então, majoritariamente por homens. Os resultados da pesquisa são cruciais para a construção de iniciativas efetivas que promovam a ruptura desse cenário”, destaca Priscila Salgado, diretora de Diversidade e Inclusão da 99jobs e responsável pelo levantamento.
“A pesquisa nos traz dados alarmantes, mas que, infelizmente, também não são surpreendentes. O cenário entre as lideranças negras no mundo corporativo ainda precisa de muita atenção, iniciativas dedicadas e de longo prazo, para que possamos revertes esses números. Ouvir essas líderes para mapear as ausências, as dores, a solidão delas, é o primeiro passo que está sendo dado quando nos propusemos a escutá-las. Mas a caminhada é longa mesmo”, explica Verônica Vassalo, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão no Pacto Global da ONU – Rede Brasil, que apoia a realização da pesquisa.
Amostra: a pesquisa foi realizada com 331 mulheres negras, entre 25 e 44 anos, que ocupam cargos de Coordenadora (28%), Gerente (28%), Supervisão (12%); 9% (Diretora); 7% (Líder); 2% (C-Level); e 1% (Conselheira). Das respondentes, 13% são fundadoras de sua própria empresa. Grau de escolaridade entre pós-graduação/MBA (41%), Mestrado (10%) e Doutorado completos (2%). Principais setores assinalados: Terceiro setor 12%, Varejo e Comércio 12%, Sociais e Educação 9%, Serviços 8% e Saúde 8%.